Tornar-se mãe e pai é um processo que inicia não apenas com a gravidez; envolve a própria construção do sujeito e carrega as crenças e valores aprendidos com os próprios pais ou cuidadores enquanto modelos. Quanto aos filhos, antes mesmo de serem gerados eles nascem na subjetividade de homens e mulheres.
Olhar para estas construções permite entender que a decisão e o processo de ter filhos traz em si a história de vida de cada um e com isso a história da família de origem, incluindo antepassados distantes.
Não é incomum perceber que certas dificuldades e bloqueios se repetem na história familiar por gerações seguidas. Levando em conta os fenômenos que envolvem Perinatalidade, percebe-se por exemplo a repetição de mulheres de mesma família com dificuldades em engravidar, homens de gerações seguidas resistentes e temerosos em tonarem-se pais, relações simbiótica entre mães e filhas que levam a uma associação direta entre maternidade e sofrimento.
"Ao compreender o que acontece em nossa família saímos da zona de escuridão e desfazemos 'nós' atados há trinta, cinquenta ou cem anos atrás que nos prendem a destinos difíceis. Podemos equilibrar a balança da família, alterar o curso dos acontecimentos e liberar o destino dos descendentes" (Andrade, L.)
Para os psicoterapeutas perinatais, acreditamos ser fundamental compreender a influência de questões transgeracionais nas demandas de seus pacientes/clientes, para que as incluam em suas investigações diagnósticas e caminhos de intervenções.
Por:
Camilla Alves (CRP 11/03169)
Referência:
Livro: A família e suas heranças ocultas. Lêda de Alencar Araripe e Andrade, 2016.
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